segunda-feira, 27 de setembro de 2010

BioFicha da Semana #2 (Sacarrabos)

Ficha do Sacarrabos

Miguel Monteiro


Provavelmente introduzido na Península Ibérica pelos árabes, o Sacarrabos é um carnívoro diurno de médio porte, comum na metade sul do País. É conhecido pela sua capacidade de capturar cobras e pela sua forma peculiar de deslocação em grupo.

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O Sacarrabos Herpestes ichneumon é um carnívoro de médio porte castanho-acinzentado que, juntamente com a Geneta, representam a família Viverridae no nosso país. Também conhecido por mangusto, manguço ou escalavardo, tem um corpo alongado e de aspecto fusiforme, o focinho é pontiagudo, as patas são curtas e a cauda vai-se afunilando até à sua extremidade onde se encontra um pincel de pelos mais escuros. Tem uma altura no garrote de aproximadamente 20 cm, pesa 2-3 Kg, e tem um comprimento total de cerca de 90 cm, podendo a cauda chegar aos 50 cm. Na cabeça distinguem-se umas orelhas pequenas e arredondadas e uns olhos côr de âmbar que têm a particularidade de exibir uma pupila horizontal, caso quase único entre mamíferos e que revela hábitos diurnos. Não existe um dimorfismo sexual evidente entre machos e fêmeas embora os primeiros sejam um pouco maiores.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Esta espécie, que se pensa que tenha sido introduzida na Península Ibérica pelos árabes, tem origem etiópica e está presente na maior parte do continente africano e na Ásia Menor. Foi também recentemente introduzida numa ilha jugoslava. Na Península Ibérica está distribuida principalmente a SW. No nosso país é relativamente abundante no sul e o a norte já chega pelo menos à Serra da Estrela. Depois de um período em que deve ter sofrido uma regressão na primeira metade do século XX (a 'campanha do trigo' que devastou muito matagal mediterrânico), a espécie parece estar agora em alguma expansão provavelmente devido a 3 factores: o abandono de terras agrícolas e o ressurgimento de alguns matagais; a quase ausência dos seus predadores como o Lince-ibérico; por ter actividade principalmente diurna não compete directamente com outros predadores pelos mesmos recursos.


ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Não ameaçada. É uma espécie cinegética de caça menor (Lei da Caça: D-L nº 251/92 de 12 de Novembro) que pode ser caçada a salto (entre Out-Dez) ou de batida (entre Jan-Fev). Pode ainda ser abatido no controlo de predadores (artigos 94-97 da Lei da Caça, cap. XI).


HABITAT

É um típico habitante dos matagais mediterrânicos, com subcoberto bastante denso (o seu focinho pontiagudo facilita-lhe a deslocação neste tipo de habitat) e, em geral, nas proximidades de linhas de água. Geralmente como toca utiliza luras abandonadas de coelhos que alarga com as fortes garras que possui nos cinco dedos.

ALIMENTAÇÃO

O sacarrabos tem reflexos bastante rápidos o que lhe permite capturar ofídeos (cobras), inclusivé as espécies venenosas. No entanto, as suas principais presas são os pequenos mamíferos, nomeadamente os roedores e, sempre que disponíveis, também os lagomorfos (coelhos e lebres). Por ter hábitos diurnos, os répteis são também uma parte importante do seu espectro alimentar que inclui ainda insectos, anfibios, aves e matéria vegetal com valor energético.


REPRODUÇÃO

A época de acasalamento ocorre na Primavera seguindo-se um período de gestação de 84 dias, nascendo 2-4 crias entre Junho e Agosto. Os machos são poligâmicos podendo fecundar várias fêmeas. As crias ficam com a mãe até ao nascimento da ninhada seguinte, chegando a formar grupos de 7-9 indivíduos.

MOVIMENTOS

As áreas vitais do sacarrabos variam entre 0,5 e 5 Km2. A defesa efectiva dos territórios restringe-se ao espaço em redor dos seus abrigos.


CURIOSIDADES

As crias seguem a mãe em fila-indiana, cada uma com o focinho por baixo da cauda da que a precede, daí o nome sacarrabos (esta maneira peculiar de se deslocarem até levou ao equívoco de lhes chamarem cobra peluda). Também quando caçam em grupo, os sacarrabos apresentam a particularidade de rodearem a presa deixando-lhe poucas hipóteses de escapar.


LOCAIS FAVORÁVEIS DE OBSERVAÇÃO

O facto de ter hábitos diurnos e de ser relativamente abundante no sul do país torna a sua observação mais fácil que a dos outros carnívoros já apresentados (lince, raposa, ginete). Um passeio ao longo de uma linha de água será sempre uma boa ideia seguindo as indicações das fichas anteriores.

Documentos Recomendados

The distribution of the Egyptian Mongoose Herpestes ichneumon (L.) in Portugal

Impact of Hunting Management Practices on Biodiversity

Naturlink

http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=55&cid=11226&bl=1&viewall=true#Go_1



segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Limpeza Praia 12 Setembro 2010


ADC de Vila do Bispo realizou este Domingo dia de 12 de Setembro uma acção de Limpeza de Praias, que contou com a participação de 15 associados. A acção de limpeza foi realizada em algumas praias do Concelho de Vila do Bispo, nomeadamente as praias do Castelejo, Cordoama e Barriga. A acção de limpeza teve como resultado mais de 150kg de lixo recolhido, entre o qual se encontraram itens variados, desde garrafas de cerveja,lâmpadas fluorescentes, redes, cordas e bóias de pesca, latas e toda a espécie de plásticos. A acção teve como objectivo a sensibilização dos utentes das praias para o problema do lixo nas praias. A acção contou com o apoio da Junta de Freguesia de Vila do Bispo, Câmara Municipal de Vila do Bispo, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila do Bispo e do Restaurante " O Castelejo". Após a limpeza foi oferecida uma merenda aos participantes, que manifestaram um sentido de dever cumprido, pela sua pequena contribuição para manter as praias limpas. Praias Limpas, Bom Ambiente

.






quinta-feira, 2 de setembro de 2010


A A.D.C. Vila do Bispo, tem o prazer de convida-lo a participar no evento denominado de "Limpeza de Praias", o local de encontro será em frente a junta de freguesia pelas 9:30h do dia 12 de Setembro de 2010. A quem não dispor de transporte o mesmo será facultado. Aos voluntários será oferecido uma pequena merenda! Praias limpas, um melhor ambiente!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

BioFicha da Semana #1 (Lince Ibérico)

Ficha do Lince-ibérico

Miguel Monteiro (21-03-2000)

Conheça as características e ecologia do gato mais ameaçado do mundo.

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O Lince-ibérico Lynx pardinus é um mamífero da família dos felídeos, tem um comprimento total de 80-100 cm e altura no garrote de 40-55 cm, os machos pesam cerca de 13 Kg e as fêmeas 9,5 Kg. As comparações com 'um gato grande' são comuns mas, além do tamanho, tem três características muito particulares: a sua pelagem é castanha amarelada com manchas pretas; tem uma cauda curta com a ponta preta; as orelhas têm na extremidade pêlos em forma de pincel e apresenta umas grandes patilhas, brancas e pretas. Os seus membros posteriores são mais compridos estando adaptados para saltar e os anteriores, mais curtos e fortes, são utilizados na captura das presas.


DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

A sua área de distribuição está confinada à Península Ibérica. Pensa-se que existam em Espanha entre 880-1150 indivíduos (com não mais de 350 fêmeas reprodutoras), distribuídos de forma muito fragmentada pelo sudoeste espanhol. Portugal apresenta igualmente uma distribuição bastante fragmentada, com estimativas populacionais para os principais núcleos bastante preocupantes: Algarve e Sudoeste Alentejano 15-25 linces e Serra da Malcata 5-8. São ainda importantes os núcleos Contenda-Barrancos, Vale do Sado, Serra de Sº Mamede e Vale do Guadiana, pensando-se que as populações portuguesas, no seu conjunto, não excedam os 50 indivíduos.


ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

É o felino mais ameaçado do mundo sendo considerado uma espécie em perigo de extinção pelos Livros Vermelhos de Portugal, Espanha e UICN. Está ainda protegido pelas Convenções de Berna e CITES e a Directiva Habitats (92/43/EEC) atribui-lhe o estatuto de espécie prioritária. A regressão da espécie no nosso país começou sobretudo nos anos 30-40 quando a "campanha do trigo" reduziu consideravelmente o seu habitat. A situação agravou-se nos anos 50 com o surgimento da mixomatose, que provocou uma diminuição nas populações de Coelho, e com as florestações de pinheiros e eucaliptos. A mortalidade causada pelo Homem tem sido igualmente um factor importante de ameaça. A espécie está protegida integralmente desde 1974 e existem actualmente leis que protegem o seu habitat. No entanto, em Portugal e em Espanha, a perda de habitat, a escassez de alimento e a mortalidade causada pelo o homem continuam a colocar o lince à beira da extinção.


HABITAT

Composto por bosque mediterrânico e/ou matagais densos, que lhe proporcionam abrigo e protecção, bem como áreas mais abertas, onde o Coelho é mais abundante, que lhe permitem caçar.


ALIMENTAÇÃO

A sua presa principal é o Coelho-bravo que pode constituir 70 a 90% da sua dieta. Consome ocasionalmente pequenos roedores, lebres, cervídeos e algumas aves, podendo estas presas alternativas ter uma maior importância na sua dieta em caso de escassez do coelho-bravo.

REPRODUÇÃO

A época de acasalamento ocorre entre Janeiro e Março, altura em que se podem ouvir estranhos "miados" de chamamento. O período de gestação é de 63-74 dias, nascendo entre 1 e 4 crias, geralmente 2. O macho deixa a fêmea após o acasalamento, ficando as crias ao cuidado desta por um período de aproximadamente um ano, altura em que se tornam independentes. No seu segundo ano, as crias atingem a maturidade sexual.


MOVIMENTOS

É uma espécie residente no nosso país. Poderão existir trocas de indivíduos entre as populações fronteiriças de Portugal e Espanha, nomeadamente entre a Serra da Malcata e a Serra da Gata, entre Contenda-Barrancos e a Serra Morena. O maior valor de dispersão registado para Lince-Ibérico é de 30 km, mas conhecem-se deslocações usuais em outras espécies de linces da ordem dos 100 km, podendo inclusivé passar os 400 km.


CURIOSIDADES

Estudos científicos realizados na década de 90, revelaram que, ao contrário do que se poderia supôr, a presença do Lince numa dada área favorece as populações de coelho, pois controla a densidade de outros predadores como a raposa e o sacarrabos, capturando-os ou mantendo-os afastados do seu território. Assim, em igualdade de outras condições, as densidades de coelho em áreas onde o Lince está presente são 2-4 vezes superiores às áreas onde o felino está ausente.


LOCAIS FAVORÁVEIS DE OBSERVAÇÃO

O facto de se tratar de um animal raro, secretivo e de hábitos crepusculares, torna extremamente difícil a sua observação. A sua detecção é feita sobretudo através de indícios de presença como pegadas e rastos, excrementos e arranhadelas em árvores. No entanto, uma visita ao Parque Nacional de Doñana valerá sempre a pena e quem sabe, pode ser que se tenha a sorte e o privilégio de observar um dos 45-50 linces que aí vivem.



http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=55&cid=3767&bl=1&viewall=true#Go_1